sexta-feira, junho 10

Orelha negra ft Pacman

"E, se te parecer que sorrio, não vai passar de uma impressão
Causada pelo calafrio constante que me traz a solidão.
Baixa o volume, dá-me a mão e um abraço, a que eu passo
Tanto tempo à tua espera..."

segunda-feira, junho 6

Eleições Legislativas 2011

PSD ganha as eleições, tendo, juntamente com o CDS-PP, maioria parlamentar de direita.
Números falam nos piores resultados do PS desde há 20 anos para cá.
"Vontade de mudança" foi a conclusão retirada dos resultados eleitorais pelo novo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

Vem a direita, vem a esquerda. Da esquerda, passa para a direita.
Vira o disco e toca o mesmo.

Agora, perguntamos: que mudança?
Maioria absoluta? A verdadeira vencedora da noite é mesmo a abstenção. Essa sim, teve maioria absoluta.
Vamos esperar então pela mudança. Já precisamos da salvadora há muito tempo. Resta é saber se é desta que ela decide saudar-nos com a sua presença.

domingo, maio 15

Aprender as regras do jogo

Esperei tudo. Não esperei nada. Não planeei. Não antecipei.
Foi o problema.
Quiseste, fizeste-me querer. Querias mais. Tiveste mais.
Passei de desejo a realidade estável. Garantida. Nunca se deve tomar nada como garantido, a vida é demasiado imprevisível.
Mantiveste-te lá até seres apenas corpo presente. A alma fugiu algures.


Não substimes a minha perspicácia, essa nunca se escondeu. O meu discernimento, talvez.
Prolongaste a estadia, entenda-se a razão. Não a encontro, provavelmente está demasiado sub-entendida para minha compreensão.
Falaste até mais dizer não, sugaste a razão que residia em mim. Quando chegou a parte desconfortável, substituíste as palavras por silêncio. Por atitudes frias, longínquas.
Bem jogado. Demasiado bem jogado, até. Adivinhei foi erradamente o jogo.


Inícios conduzem a deduções. Se a minha estava errada, começaste o jogo com o pé errado.
Mais promessas não são necessárias quando está implícita a promessa de existir o dia seguinte. Não, não prometeste nada. Esqueceste-te foi de que, assim, acabaste por me prometer tudo.
A indução em erro disfarçou a evidência da falsa promessa. A minha razão já não estava lá para a detectar.


O que é que fica? Vazio.
Não é o doce amargo, não é a triste realidade. Esses desaparecem. Não é necessário substimar o tempo.
Fica a confusão. Ainda não distingo o que foi verdade e o que foi mentira. E como memórias pormonorizadas se esbatem com o tempo, nunca hei-de distinguir.
Fica o desconforto. Ainda temos os mundos muito próximos.
Fica outra lição aprendida, que há-de tentar evitar outra pedra no sapato.


Passaste do desconhecido para o detalhe, e do detalhe para o estranho. Demasiado rápido.
Cartas na mesa, o sentimento evoluiu. Se o meu evoluiu e foi arrastado, o teu não tinha portas ou janelas para fugir. Aparentemente, não sabes encerrar o passado. Insistes em vivê-lo e em transformá-lo como parte integrante do teu presente. Atrapalhas o futuro, constantemente.


A sensibilidade do começo passou para incapacidade do fim. Incapacidade em lidar, em terminar. Em assumir o erro, em assumir a minha realidade humana, latente de uma explicação.


É indiferente.
A ferida já sarou. Não tenho necessidade de lhe tirar a crosta para reiniciar o processo, do zero. Ainda era pequena, não teve tempo para correr o risco de ser maior. Ainda bem. Poupaste-me o horror de conhecer o desagradável tarde demais.


Corpo de adulto, cabeça de criança. Não se insiste no que não se está preparado para ter. Isto, assumindo maturidade, claro.


Funcionas à velocidade-luz de um interruptor. Até quando arrumas as memórias num sítio fechado dentro de ti, fingindo que nunca se passou nada. E o preenchimento que tenho à minha volta não me permite ser assim. Demasiada frieza, demasiado egoísmo, para quem na ronda das apresentações deu azo à sua atenciosidade e partilhou muito. Demasiado, para o fim que escolheste, cronometrado apenas por ti.
És a perfeita personificação paradoxal hipérbolizada.


Fui apenas o teu parágrafo que ficou a meio, sem ponto final, da história que nem precisava de ter existido. Forçaste a parte do destino, agarraste-te à minha rotina. Quiseste demais para não quereres nada a seguir.
Segui a tua deixa. Mudaste foi as linhas orientadoras do discurso muito rápido.


Preto no branco, não fui merecedora da tua parte lógica, encarregaste-te da expulsão sozinho. Sem ruído. Palavras magoam. O silêncio, ainda mais.


Já é indiferente, porque a razão finalmente apareceu e decidiu que, numa situação partilhada, não se confere mais importância do que aquela que o outro confere.
A rigidez do estatuto de indiferença habilita ao esquecimento forçado. Até que já não é preciso fazer mais força.

sexta-feira, maio 6

Porque, aparentemente, os únicos habitantes do Planeta Terra de cromossomas x e y, que ainda são capazes de expressar algum tipo de sentimento genuíno, são os cantores jamaicanos de Dancehall.

E porque, francamente, os outros já cansam.

Aaiii Busy Busy, já me ficavas a conhecer para me dedicares músicas destas.


"I wanna give you some sweet love"...

quarta-feira, maio 4

Verdade, beleza, liberdade e, acima de tudo, amor

Sentada no sofá, sem nada para fazer. A rezar por algum programa de jeito. De repente, luz ao fundo do túnel. Moulin Rouge. Um clássico destes vinha mesmo a calhar. Deixei-me ficar sentada no sofá, com algo raro de se ver. Um bom filme, daqueles que quase já não se faz. Mesmo na altura em que precisava.

Não querendo falar das prestações de ninguém, até porque me falta o conhecimento e a linguagem para tal, fico-me só pelas mesmas futilidades de sempre. Aquele sotaque do Ewan McGregor, hm hm. Já da Nicole Kidman, nem me atrevo a proferir absolutamente nada.

Há qualquer coisa neste musical. Sempre ouve. Desde a primeira vez que o vi, há quase dez anos atrás. Faltava-me sensibilidade. Não sabia melhor. Mas, com os bons filmes, há sempre algo que nos atrai, e que é à prova de idades.

Para não falar das músicas, que durante todo o filme funcionam como uma espécie de flashbacks e que nos fazem pensar, "hey, eu conheço isto!", as danças são de outro mundo. El tango de Roxanne está simplesmente divinal. Cada passo, cada pormenor. A paixão, a raiva, a atracção. De génio.

O mundo boémio, que tanto querem representar, está completamente filtrado em todo o filme. Os cenários, as cores, os valores. Somos completamente transportados para a época. Para a história.
Até o trágico se mistura por entre o que muita gente, incluindo eu (não o vou negar), considera das melhores histórias de amor da história cineasta.

Histórias que se podem adaptar para os dias de hoje, mesmo que se tenham passado no início do século XX, são o que fazem com que o visionamento do filme perdure. Temas como o amor, o poder, a ganância, a rebeldia. Os clubes nocturnos, o sexo, as drogas. Está tudo lá. E continua tudo aqui.

Talvez tenha sido por tudo isto que chegou a ganhar o Óscar para melhor filme (musical).
E eu, talvez por também ter tido um contacto mais próximo com as músicas originais, dançando-as várias vezes, me tenha deixado levar pelo brilhantismo do filme, quase que me impondo a escrever algumas linhas sobre o assunto.

Verdade, beleza, liberdade, amor. Não é o que todos procuramos? Quer seja na política, ou na nossa vida pessoal? Moulin Rouge simboliza isso mesmo- tudo o que procurámos, e que estamos a deixar escapar

domingo, maio 1

Não diria melhor que isto

The scars of your love remind me of us,
They keep me thinking that we almost had it all,
The scars of your love, they leave me breathless,
I can't help feeling,

We could have had it all,
(You're gonna wish you never had met me),
Rolling in the deep,
(Tears are gonna fall, rolling in the deep),
You had my heart inside of your hand,
(You're gonna wish you never had met me),
And you played it to the beat.

Esta treta do amor é mesmo universal. Até a Adele sabe o que é que a casa gasta. Olha que bom han.

Ainda há esperança



Pois. As mais desesperadas wannabe-royalty ainda têm hipóteses.
God save the Queen. And the prince, já agora.

Hora de reflexão


Eles também querem ser beatificados

Papa João Paulo II, o novo beato da Igreja-mãe de todas as religiões cristãs.
Até aqui, nada que cause grande espanto. O santíssimo homem, pela sua vida fora, de tudo fez, desde o combate ao comunismo no leste da Europa, à "sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo"...
Pois. É uma ideia com quilos de pó. As grandes acções, protagonizadas por grandes homens, sempre tiveram fundamento na religião. Qualquer que ela fosse.
Se calhar é esse o problema de hoje em dia. Há falta de fé. De religião, nem tanto. Ou da falta dela. Mas há falta de fé. Há falta de inteligência não-superficial. Há demasiado cinismo. Daí, existir falta de grandes homens.
E não é que nós, portugueses de tradição cristã, tivemos a sorte (leia-se azar) de encontrar homens que, na desesperada tentativa de se tornarem grandes, ficaram cada vez mais pequenos. (Leia-se grandes como sinónimo de aspirações a riquezas monetárias, e não de aspirações a riquezas intelectuais. Pequenos, em vice-versa).

Pois bem. Se considerarmos Sócrates no seu já cansado discurso de blá blá blá whiskas saquetas, Passos Coelho no seu discurso de trocas e baldrocas, Portas preso lá ao longe no interior e os outros que são tão senis que nem vale a pena mencioná-los, faz-me pensar que bem que se podiam dedicar a outra profissão. Da maneira que isto está, não vejo grande diferença entre o país ser governado pelo Zé do Povo ou por um Sr. engravatado. A esta altura do campeonato, parece-me tudo igualmente analfabeto.
Devido à nossa tradição religiosa, é sempre visível vê-los a todos sentados nas primeiras filas de importantes eventos religiosos, como aconteceu na vinda do Papa Bento XVI a Portugal. Percebendo daquilo ou não, os anos de vida política que levam, ajudaram-nos a fingir muito bem. Ou não.
Provavelmente, procuram ser eles próprios elevados à condição de beatos pela população que emerge às ruas nesses eventos. "Estou aqui, olhe para mim aqui sentado. Tão simples e transparente que sou. (VOTE EM MIM)". É só o que falta. Querem ser todos beatos do povo português. De certeza que, pela quantidade de zé povinhos que ainda vão aos eventos religiosos, só lhes caía bem nas suas relações-públicas. 


É pena é o sistema não funcionar assim. Maldita Igreja, sempre presa aos cânones antigos.

sábado, abril 30

Só naquela do espírito

Uma acção vale mais que mil palavras.

Acho que nunca um ditado popular se afigurou tão verdadeiro.
Faço dele as minhas palavras. Não é necessário acrescentar mais nada.

Fim

É óbvio. Tudo o que começa, acaba. É o próprio ciclo da vida.

O que é que correu mal? Corre sempre alguma coisa mal.
Vale a pena pensar nisso? Não muda absolutamente nada.
Culpar alguém? Culpar todos. Não culpar ninguém. Não disse em cima que era o ciclo da vida?
Há responsabilidades? Mais que óbvio.
Há coisas mal explicadas? Ainda mais óbvio.
Confusões com termos ambíguos? Não houve a inteligência.
Perder tempo quando o outro não perdeu? Nunca fui assim. Não há paciência.

Para quem deu, aparentemente, tudo, mudaste para o nada muito rápido.
Eu, ao menos, posso afirmar que dei quase tudo. Há partes que vão e nunca voltam, mas há sempre aquela réstia que permanece em nós, e não sai. Tal como tu ficaste com partes minhas em ti, eu fiquei com partes tuas em mim.
Clichés ou não, a verdade é que 24 horas sobre 24 estive em ti. E tu estiveste em mim. E o que é que sobra quando as 24 horas não se querem partilhar mais? Restam as memórias. As músicas que antes eram escutadas em conjunto, são, agora, apenas escutadas por um. Os lugares, as rotinas, as pessoas. Passou tudo da perspectiva de dois para a perspectiva de um.
Para o pouco tempo que foi, eu, enganada, dei mais do que aquilo que tu deste. Aqui, a burra fui, definitivamente, eu.

E, surpresa, o mundo não acabou.
A vida continua. São clichés por alguma razão. Acontecem demasiadas vezes.

Começo, começo. Afinal de contas, deste mesmo cabo de mim. Não foi foi da maneira que eu estava à espera.

sexta-feira, abril 29

Mood's Actually

Learn to appreciate what you HAVE, before time makes you appreciate what you HAD

Bem-ditas transformações

Todos nós precisamos de umas, de vez em quando. Acho que é o que mete o mundo a girar.
Vou transformar este blog, então.

Está a apetecer-me.

Vai ficar assim mais visionário. Niiiice.
Vou começar a postar mais música.
E vou começar a escrever as minhas bem-ditas frases que estão sempre nos meus status do Facebook. Fica mais giro, assim.

(Boa-tarde)

Os (contra-)tempos dos negócios tecnológicos

Depois de ler uma notícia no Público online sobre o fecho de videoclubes, não pude deixar de pensar na linha ténue entre o antigo e o moderno, entre o tradicional e o que hoje em dia se pensa ser moda.
Como os tempos mudam. E agora parecia uma velhinha. Que engraçado.
O que ontem era aceitável, amanhã já não o é. O que ontem metade da população praticava, amanhã já será substituído por outra coisa qualquer, que se calhar hoje ainda seria impensável.
É a beleza dos nossos tempos.

Dizia então a notícia que, desde há cinco anos para cá, o número de videoclubes em Portugal tinha diminuído de 1800 para 300, segundo a Federação Portuguesa de Editores de Videogramas.
Razões apontadas: Pirataria. Video on demand (oferta de serviços por empresas como a MEO). Mais pirataria. Malditas boxes.

Poderia agora escrever vinte páginas sobre pirataria. Sobre os excessos de oferta que acabam por negligenciar o que antes eram grandes negócios, mas que depois se tornaram pequenos. Poderia transformar todo este artigo numa crítica gigante à pirataria. Mas toda a gente já conhece o caso. Toda a gente conhece os males que a pirataria traz. E agora pergunto: hoje em dia, isso impede alguém de a praticar?

Em vez disso vou fingir que Portugal é reconhecido por todos como sendo uma grande fonte de avanços tecnológicos. Vou fingir que tem o apoio e mérito merecidos e vou falar de contradições de tendências.
Videoclubes online. Assim já ninguém tem de sair de casa para encomendar o que quer que seja, tal como hoje em dia toda a gente gosta.
Lojas com produtos de cinema.
Espaços de cibercafés.

Quando as ideias são muitas, eu diria que até nem é difícil contrariar as tendências e nadar contra a corrente. Quando se tem força de vontade em criar algo que vá contra o que já está estabelecido, eu diria até que se ganha bastante com ideias nunca vistas.
E viva os novos tempos das tecnologias portuguesas.

A nova geração da arte (urbana)

Graffiti, uma mera representação artística, considerada por muitos um simples acto de vandalismo, por outros a forma de arte mais vanguardista e pura dos nossos tempos. E, depois, a geração que o pinta. A geração urbana, da arte urbana.

A verdade é esta: apesar de ser associada ao vandalismo, por ser desenhada ou escrita em paredes, edifícios e por todo o tipo de infra-estruturas visíveis, a dita arte urbana conseguiu criar um movimento, um pouco por todo o mundo, que já não era visível na arte contemporânea. Fez com que milhares de jovens se unissem por causas em que acreditam e que criticassem aquilo que consideram estar mal. A arte urbana fez com que o seu descontentamento e as suas alegrias fossem expandidos e chegassem a qualquer pessoa, fosse esta culta ou inculta, de classe alta ou de classe baixa.
E não é esse o objectivo primordial da arte?

Desde sempre que a arte foi utilizada, independentemente da forma artística, para nos fazer chegar todo o tipo de mensagens. Paz, terror, opressão e até amor, são sentimentos que, se olharmos com atenção, conseguimos detectar nas paredes que já ouvi dizer estarem “estragadas com gatafunhos” como simples acto de vandalismo.

Mas não confundamos vandalismo com protesto. E Arte é manifestação, Arte é protesto. Acho que sempre foi. E tenho a certeza que, todos os que se dedicam e dedicaram à arte urbana, apenas querem que a sociedade veja que os graffiti não são um atentado ao pudor, mas pinceladas de arte que alguém resolveu deixar por paredes e construções, para serem visíveis a todos a que a queiram interpretar.

Claro que até eu, que considero os graffiti das mais belas expressões artísticas alguma vez inventadas, acho que existem edifícios que não deveriam ser tocados, e claro que será sempre um argumento dizer que cobrir as paredes de spray apenas suja e dá um aspecto degradante. Mas será sempre esse o caso?
Várias Câmaras Municipais já criaram galerias de arte urbana pelas cidades, com o objectivo de conferir alguma legalidade a esta forma de expressão artística e, para atenuar aqueles que a consideram ser apenas uma ofensa à arquitectura das cidades, já existem Planos de Intervenção, como por exemplo no Bairro Alto, que consistem na recuperação de fachadas pintadas com graffiti e na distribuição de kits de limpeza aos moradores para manutenção posterior. Planos estes que prevêem que, em casos de flagrante delito, o infractor não vá a julgamento e que a infracção não conste do registo criminal, mas que fique depois sujeito à limpeza das fachadas.

Para todos aqueles que, independentemente de apelidarem os graffiti de arte ou não, criticam a forma como a arte é usada, pergunto isto:
Não revela uma mentalidade preconceituosa e antiga pensarem que arte é apenas desenho sobre uma tela?

E agora pergunto: será justo apelidar alguém que apenas se quer expressar de infractor?
Se somos tão vanguardistas, como é que é possível negarmos a evidência de que o objectivo não é estragar, mas emendar o que se acha que está mal?
Será que, se vários espaços fossem disponibilizados para esta forma de expressão, o argumento de vandalismo continuaria a ser válido, ou já seria visível a mensagem que verdadeiramente se quer fazer passar?

O quão estreita é a linha entre o que é aceitável e o que, verdadeiramente, deveria ser.

A ilusão de escolha

Há dias deparei-me com uma imagem de uma vaca à porta de uma espécie de mini- labirinto com duas entradas: uma dizia “Direita” e a outra “Esquerda”, dando a ideia de que quem as atravessasse, estaria a escolher caminhos diferentes. Piada da imagem, as duas entradas iam dar, de qualquer maneira, à porta do matadouro.
Não pude deixar de relacionar a imagem com a política que experienciamos há já muito tempo. A porta da “Direita” e a porta da “Esquerda” assumiram-se como os dois lados que, apenas supostamente, dão a oportunidade de se seguir linhagens de pensamento directamente opostas. Claro que isto foi o que aprendemos todos em História, porque não me parece que haja assim tanta diferença entre o que uns fazem e o que os outros praticam (já entre o que dizem e o que executam, aí parece haver um abismo colossal).
No clima de instabilidade política em que vivemos, agora ainda mais agravado, são imagens como estas que retratam na perfeição o dilema que os Portugueses parecem enfrentar cada vez que existem eleições. E arrisco-me a dizer que essa é uma das razões pelas quais o nosso País, outrora grande e com um passado tão rico, parece afundar-se cada vez mais.
Parecem não existir alternativas, os políticos cometem os mesmos erros, fazendo com que a famosa expressão “são todos iguais” fique eternamente relacionada com a vida política do agora (um agora com duração algo parecido com as pilhas “Duracell”). De direita ou de esquerda, bons ou maus, a verdade é que Portugal não sai da crise em que alguém o colocou. A verdade é que, sendo de direita ou de esquerda, qualquer político que passe pela chefia do Governo parece já não ter a capacidade de olhar para além do seu próprio bolso e de realmente conseguir fazer deste país, um país mais rico (não pobre, como o Ex. ‘Engenheiro’ José Sócrates fez questão de afirmar, num aparente grande equívoco, há uns tempos atrás).
Por entre os falhanços de que damos conta, semana atrás de semana, ainda não deve ter nascido a Grande Pessoa capaz de (re) colocar esta nação em forma, ou se já nasceu, está longe de se (re) colocar na luz da ribalta. Mas, também, provavelmente, seria categorizada tal como os seus antecessores.
Culpados também somos nós, que deixamo-nos ficar enterrados no mesmo sítio, a ver os grandes passar a altas velocidades.
Nada muda, e a ilusão de escolha política assemelha-se em tudo à ilusão de escolha da vaca. O que quer que escolhamos, não nos conduz a lado nenhum. Aliás, conduz-nos sempre ao mesmo.

The comeback

Andei desaparecida. Eu sei. E a quem possa estar a ler isto, as minhas mais sinceras desculpas.
Mas também já ouvi dizer que, depois de um desaparecimento assim mais longo, o regresso só pode ser bestial. O bestial não prometo, como é óbvio. Fico-me por prometer dias "blogueiros" mais preenchidos.

Viva aos regressos.

XOXO

quinta-feira, março 31

Good night

Circle of life

·         Amamos enquanto podemos. Esquecemos quando é preciso. Depois de muito viver, aprendemos que só vale a pena lutar por aquilo que vale realmente a pena possuir.
Se

Uma pequena palavra, composta por uma consoante e uma vogal. Uma sílaba, de uma sonoridade apenas. Se. Pronome reflexivo, pronome indefinido, conjunção subordinada integrante, condicional, causal, concessiva. Introdução a um sujeito indeterminado, introdução a todas as formulações de hipóteses, introdução a tudo o que não é, mas que poderia ser. Se…
                Sem esta palavra, a condição não seria apresentada, e um limite não seria estabelecido às acções praticadas. Insiste na ideia de escolha, na ideia de dúvida, na ideia do acontecimento irresolúvel, da impotência experienciada diariamente. Personifica a fragilidade das escolhas e dos caminhos, dos arrependimentos, das possibilidades, promessas e alternativas. As questões existenciais infindáveis.
                Um termo com a capacidade de acorrentar o passado, assombrando o presente, impossibilitando um futuro. Termo com a habilidade de criar novos caminhos, de permitir mudanças, de não aceitar o pré-estabelecido.
                Acompanhada pela conjunção e, formam uma dupla excessivamente usada na língua portuguesa, banalizando esta pequena enorme palavra e tudo o que ela acarreta.
                Mas cansei-me de escrever sobre isto. Acabei de me lembrar que também eu contribuo para a banalização do se. Eu própria me refugio em possibilidades pacatas e distantes, insistindo na sua utilização como se (lá está) não houvesse amanhã. E porquê? Porque é mais fácil. É mais fácil usar e abusar do se para demonstrar, participar, divagar. Dizer que, se fosse eu, seria isto, aquilo e o outro. Se eu fizesse, se eu pudesse, se eu construísse. Se eu estudasse, se fosse eu, se isto estivesse ali e não aqui. Se eu tivesse vontade, se eu me empenhasse. Se soubesse o que é que vou pensar mais, escrever mais. Se alguém fizesse o mundo mudar para melhor. Se, se, se.
Interessante, acabei de enumerar uns quantos ses que são banalizados 7 dias por semana, 24 sobre 24 horas.
                E, já agora, por que não questionar-me? Perder horas a tentar perceber o porquê das coisas, a própria existência da existência, as possibilidades incansáveis a que estamos abertos. Perceber a nossa finitude, questionar o porquê de andarmos por aí, aparentemente sem grande rumo marcado. Reforçar a minha tendência contraditória, contrariando o que já parece aceite. Acho que é a palavra perfeita para mim.               
E se o céu fosse verde em vez de azul, e a relva que teimamos em pisar fosse azul em vez de verde? E se pudéssemos voar como os pássaros e os pássaros apenas andassem como nós? E se os extraterrestres realmente existissem e pudéssemos todos conviver como somos forçados a conviver com parentes em jantares familiares pouco agradáveis? Parentes que, quando nos põem a vista em cima, teimam em fazer observações muito importantes e nada inúteis sobre a nossa figura?
                E se Deus realmente existir, ou outra qualquer forma ou designação que alguém se lembrou alguma vez de dar? Aí os religiosos fariam boas figuras em vez de, constantemente, serem alvo de chacota ou de desprezo por terem algo em que acreditar para se conseguirem levantar da cama pela manhã, ao invés de que os descrentes arrepender-se-iam amargamente. E o mundo em que vivemos, que mesmo funcionando mal vai subsistindo, seria transformado num mundo caótico, com mais arrependimentos de última hora e mais ajustamentos a uma realidade que por si só já não era muito agradável ou satisfatória para as nossas mentes semi-brilhantes ou semi-ignorantes.
                Então e se pudéssemos voltar atrás no tempo? Se eu pudesse voltar a ser criança novamente, escolheria ter cortado uma madeixa de cabelo a um colega que me deu um pontapé sem a educadora ver? Se, sabendo antecedentemente que a minha avó iria morrer à minha frente, escolheria ter ficado? Se não tivesse deixado amigos para trás que me impediam de viver o que tinha de viver, estaria eu onde estou hoje? Se tivesse virado à esquerda ontem à noite e não à direita, confrontar-me-ia com alguma espécie de perigo? Se não tivesse dado todos os conselhos que já dei, teriam as pessoas que ajudei cometido ainda mais asneiras, ou cometeriam-nas à mesma?
                Acabei de me aperceber que é impossível não julgar, tanto como é impossível não questionar. Se a palavra se não fizesse parte do nosso vocabulário, viveríamos ainda mais incompletos do que já vivemos, fechados num paradigma qualquer e aceitando tudo o que já aconteceu sem arcar com responsabilidades ou, em último caso, termos realmente uma boa desculpa para não pensarmos demasiado e aceitarmos tudo o que é ou já foi, em jeito de modo conformista a que tão bem nos habituámos.
                E que tal uma última formulação pertinente do se? Sim. Uma a que muitos gostam de fugir para serem auto-impossibilitados de analisar a sua própria vida, uma que é mais fácil de subestimar.
E se morrêssemos todos amanhã? Continuávamos a fugir da nossa vida ou decidíamos fazer algo que realmente importasse e fizesse a diferença?

Texto produzido para a discipla de Técnica e Expressão do Português

domingo, março 27

"Retrospectiva de um amor profundo"

Em retrospectiva, és tudo o que sempre achei que nunca fosses, e nada do que achava que poderias ser.

E continuas aqui, bem presente. E o que é que eu faço agora? Já tentei de tudo. Já fiz orações aos céus, já pedi ao mar que levasse a tua memória com a onda que ia embora, já enterrei as tuas palavras, os teus actos, a tua presença no fundo, bem fundo de mim. Já deixei de dizer o teu nome em voz alta, e já deixei de esperar que do teu silêncio viessem respostas para as minhas dúvidas. E agora? Quanto tempo é que é preciso para enterrar o passado? Quanto tempo é que temos de sofrer, quanto tempo é que temos de esperar para alguém desaparecer, como se nunca tivesse existido?
É que os meus dias continuam iguais. Eu continuo a mesma, mesmo com todo o tempo que já passou. Com tudo e principalmente com nada, eu continuo com a mesma rotina, continuo com as mesmas pessoas, continuo nos mesmos sítios, continuo a percorrer os mesmos caminhos, continuo a recordar as mesmas datas, as mesmas perguntas sem resposta. Continuo a perguntar-me como é que foste capaz de me segurar a mão, como é que foi possível lutares até meio, para quando eu finalmente chegava ao meu meio do nosso caminho, à minha metade, deixares-me lá sozinha, já presa a ti.
Continuo a perguntar-me porque é que toda a gente tem direito a uma segunda oportunidade, porque é que toda a gente avança menos eu, e principalmente porque é que nunca percebeste a sorte que tinhas em poderes ter tido alguém como eu. Em me poderes ter tido a mim.

E sabes do que é que me lembrei?
De que é impossível entregares-te a alguém se não gostas de ti o suficiente para saber o que está mal, para saber quando é que alguém gosta mesmo de ti, e para saber se tudo o que aconteceu foi verdadeiro, foi sentido. Da minha parte foi, e provavelmente é por isso que continuo presa a ti. Porque pensei sempre que, como era recíproco, era uma história por acabar, incompleta. E esqueci-me que, numa história, são sempre precisos dois protagonistas para acabá-la com um final feliz, nem que o ‘para sempre’ seja mentira.
São precisos dois, e fiquei tão presa à possibilidade, que não vi o que o teu silêncio queria realmente dizer.
E agora, passados meses, sabes o que acho?
Que nunca te deixaste entregar a alguém, muito menos a alguém que sabias que te podia fazer feliz, a alguém que estivesse sempre lá, porque te assustavas com algo tão simples como apoio, como dedicação. E fazia-lo, porque simplesmente o confundias com prisão, com esse ‘para sempre’. Quando eu nunca te pedi nada, e quando nunca te prometi nada.
E foste-te afastando. Eu vi tudo acontecer em câmara lenta, mas na altura não queria encarar as consequências, para não ter de sofrer mais uma vez, preferindo então fingir que não me tinha magoado, que eram coisas da vida, e que simplesmente se tinha de andar para a frente. O problema, é que fiz tudo menos andar para a frente, e esta sensação de que não se sai do mesmo lugar quando tudo parece avançar, é a pior sensação do mundo.

Se alguém teve culpa?
Ninguém teve, e tivemos os dois. Porque não se pode exigir a alguém que encare as responsabilidades de algo que não queria fazer; porque não devias ter dado a entender mais do que te era possível oferecer, por nunca teres dito o que querias ou não desde o inicio e sobretudo por te teres ido embora sem qualquer aviso; e porque eu nunca deveria ter esperado absolutamente nada de ti.

Uma coisa que aprendi, não se foge ao passado, porque ele arranja sempre maneira de voltar. Então, o que resta é tentar esquecer da melhor maneira que formos encontrando, até aprendermos a diferença entre fugir e libertar.

Até lá, o segredo é saber andar direita e de cabeça erguida mesmo que por dentro só se apeteça esconder. É não esperar das estrelas e do oceano mais do que a sua beleza e sobretudo não esperar das pessoas mais do que elas estão dispostas a oferecer.

domingo, março 20

Ai começos, ai fins. Vocês estão a dar cabo de mim

Adorava conseguir escrever hoje um enorme testamento cheio de apanhados intelectuais e frases que depois de lidas iludem-me para o facto de achar que sou minimamente inteligente, e de mostrar o quão consciente e actualizada e simpatizante que sou em relação ao que se está a passar por este mundo fora, ou até aqui já na minha rua (e eu a achar que o facto do mundo acabar agora em Maio era rídiculo- se bem que por estes lados já tenha acabado há muito tempo). Mas não vai dar.
Não vai dar, mas o que vai dar é aqui uma linhagem de pensamento que acabei de ter, bastante interessante. Ou nada interessante, fica aí no meio, é como quiserem.
Mas reparem:

Adoro começos, odeio fins. Mas, ao fim e ao cabo, adoro os fins que podem levar aos começos. E acabo por odiar os começos que levam aos fins. Mas, sem os fins que tanto doem, seria impossível empregarmos clichés tipo "life goes on" ou "quando se fecha uma porta, abre-se uma janela", porque se, lá está, não existissem, não haveria começos. Andávamos por aí feitos estúpidos sem saber o que fazer a seguir, ou caídos no chão porque não tinhamos nada de novo que nos fizesse querer levantar.

Por isso, obrigada começo por levares a um fim, e obrigada fim por levares a um começo. Este, eu sei que é bom e já está a dar cabo de mim.

quinta-feira, março 17

"O que sempre soube das mulheres, mas tive à mesma de perguntar", por Rui Zink in O Metro
(meus.teus) Acasos

São basicamente o que fazem da nossa vida, a nossa vida.
Ansiamos por eles, destruímos com eles, evoluímos a partir deles.
Sendo este um Blog para o dia-a-dia, que retrate cada lugar meu, cada memória minha gravada, não me lembrei de nome melhor.
Acasos fazem de nós quem nós realmente somos. Nem que não seja pelo livre-passe que lhes damos, ou não, para contribuirem para o rumo futuro dos nossos caminhos.

Destinos, planos já traçados, rumos pré-escolhidos?
Não faço ideia se existem ou não.
Mas que tudo é um acaso, é.